para doar

Alunos de escola deixam armário no Centro para doação de roupas

Camila Gonçalves


Foto: Renan Mattos (Diário)
 Iniciativa, que está no terceiro ano, propõe uma ação coletiva e consciente de doações

Um guarda-roupas recheado com agasalhos surgiu, na manhã de hoje, na Rua Floriano Peixoto, em frente ao Colégio Santa Maria, no Centro, com livre acesso para quem necessita de calor. Pelo terceiro ano consecutivo, alunos da escola colocam, literalmente, para a rua o projeto Armário Solidário. A iniciativa é um alento para quem não tem roupas quentes para se proteger das temperaturas baixas, que prometem alcançar até 0ºC neste mês. O armário também está aberto para quem tem casacos, blusões, sapatos e cobertores sobrando e quer doar.

Quinta teve a tarde mais fria dos últimos 11 anos em Santa Maria

O estoque começa com doações da comunidade escolar e, aos poucos, ganha a adesão de quem toma conhecimento da proposta. No primeiro ano, em 2016, foram arrecadadas 900 peças no total. No ano passado, foram mais de 1,5 mil. Há quem prefira doar uma maior quantidade de agasalhos. As doações mais volumosas podem ser deixadas na portaria da escola. De lá, elas são colocadas no depósito, e repõem o armário a cada dia.  

A ideia da onda de compartilhamento de conhecimento disseminada pelas "geladeirotecas", as geladeiras onde as pessoas deixam e pegam livros emprestados, inspiraram um dos grupos da Pastoral Juvenil Marista a dividir agasalhos. Os "Bons Amigos Transformando o Mundo em Algo Melhor" (Batmam) estavam no 8ª ano do Ensino Fundamental quando o armário foi lançado em um dos desafios de criar um projeto de responsabilidade social inédito. Hoje, no 1º ano de Ensino Médio, eles observam o amadurecimento do projeto. Em 2017, segundo ano da experiência, os episódios de vandalismo e esvaziamento total do roupeiro também diminuíram.


Foto: Renan Mattos (Diário)

Uma das líderes do "Batmam", Laura Colusso, 16 anos, conta que uma das maiores recompensas para os estudantes é ver a alegria de quem encontra a peça perfeita para o frio. No abastecimento do guarda-roupa, ontem pela manhã, ela contou que um senhor fez um pedido específico.

- Ele queria um sapato. Estava com um tênis um pouco rasgado. A gente conversou com ele e disse que, assim que tivermos um do tamanho dele, vamos guardar. Ele disse que passa todo o dia por aqui. Vamos avisar ele. A gente gosta de ver as pessoas se aproximando, felizes quando recebem algo - conta Laura.

Sentido único na Rua Olavo Bilac já está valendo

O agente da Pastoral Juvenil Marista (PJM), Neimir Paulo Mentges, explica que o lema do projeto é "Retire o que precisar, deixe o que puder". Ao colocar o armário na calçada do colégio, a instituição partilha com a comunidade a responsabilidade de seguir o lema, e só levar o necessário. 

- Queremos criar a cultura da solidariedade. Os alunos já sabem o significado dessa campanha. Quando dividimos isso com a comunidade, esse instrumento é de todos - explica Neimir.

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